domingo, 28 de agosto de 2011

Escola Furacão e o Uruguai

Folheando a edição de setembro da revista PLACAR, uma matéria  me chamou atenção e motivou essa postagem. Nela, Altair Santos nos apresenta a escolhinha de futebol do Atlético Paranaense, a Escola Furacão. O projeto do clube Rubro-negro ao invés de alimentar o sonho de se tornar jogador como o caminho a ser seguido utiliza o esporte como pano de fundo para a formação de cidadãos, demonstrando uma maturidade ímpar em relação a outras escolhinhas do país.

Até que ponto o trabalho é eficiente só a vida dos futuros cidadãos vai poder dizer. Mas os resultados tanto comerciais quanto dentro de campo, que podem já podem ser mensurados mostram que a preocupação social de modo algum inviabilizam os outros objetivos de uma escola de recrutamento de talentos.

A matéria de Altair aponta que, em oito anos de projeto, 60 filiais em sete estados foram abertas. O clube ganha com o retorno financeiro das escolinhas e com a divulgação da marca, além é claro, dos jovens talentos revelados.

Na página da Escola Furacão, no site do clube. A apresentação do projeto é clara "...as escolas de formação de talentos do Atlético Paranaense têm como principal objetivo a formação de cidadãos...". Outras páginas de escolinhas não tratam a questão com a mesma ênfase. Alguns sites como a dos meninos da vila (cada filial possui página própria, das apuradas pelo Doente91 algumas não possuiam descrição do projeto) , escolinha do Santos passa longe de conceitos como formação de seres humanos ou cidadania e outras como a do Chute Inicial, do Corinthians (foram analisados 4 sites pois, como nas escolinhas do Santos, cada filial tem o seu), nem possuem qualquer indicação de projeto. Para fazer justiça vale citar a outra excessão à regra, a escolhinha do Flamengo, ou "escolinha do Fla", o discurso também mostra preocupação com a formação mais importante que é a fora das quatro linhas.

Oscar Tabárez, o psicólogo, a base uruguaia e a educação.


Apesar da visão diferenciada implementada pelo Atlético Paranaense, o Brasil ainda está atrasado na formação de cidadãos e de atletas. No Uruguai, desde 2006, Oscar Tabárez realiza um projeto nas categorias de base que é digno de nota, com o auxílio do psicólogo Gabriel Gutierrez. O trabalho tem como base a filosofia de que a salvação é a educação, não o futebol.

Trecho de entrevista de Gabriel à Lúcio de Castro, ESPN:


- A seleção sub-20 uruguaia do sul-americano no Peru já é fruto dessa experiência incrível e dessa revolução de costumes e modos que vai se processando no Uruguai. Dez dos 22 acabaram o segundo grau, sendo que todos acabaram o primeiro grau. Alguns ingressaram na universidade. Não tenho os números aqui, mas provavelmente, nas outras seleções da competição, seja um milagre encontrar algum jogador com segundo grau completo, salvo um esforço individual imenso. Repito: 10 jogadores da sub-20 uruguaia terminaram o segundo grau.

- Lideranças são estimuladas, ao contrário do comportamento de “boizinhos de presépio” geralmente estimulado no futebol de uma maneira geral. O capitão Diogo Polenta é capitão desde a seleção Sub-15, passando pela sub-17.



E os resultados são vistos também com atletas melhor preparados para vida, para o deslumbramento e empresários, nas palavras de Lúcio de Castro:


Jogadores com maior senso crítico despontam, com suficiente postura e clarividência para se posicionarem e decidirem as coisas por si. A nova geração de talentos, a geração de Tabaréz, tem sistematicamente se insurgido contra decisões de seus empresários, e muitas vezes inclusive rompido com os poderosos do futebol uruguaio, dominado muito tempo por Juan Figger, depois por Paco Casal e mais recentemente por Daniel Fonseca. Os jovens Luis Suarez e Nicolas Lordeiro, ambos presentes em 2010 foram dois a se insurgir contra o empresário nos últimos tempos, sempre lutando por seus direitos.

O projeto do Atlético e o começo do que pode ser uma mudança na visão de como formamos nossos atletas. Talvez quando percebermos que a instrução é imprescindível, qualquer que seja o futuro profissional, consigamos chegar lá.


2 comentários:

  1. Ou mulecote to sempre venu os seus trampo ai mano na correria tentanu fazer o bagulho pra nois aqui que curte o procede.
    Na humilda? resume ai pros mano aqui da quadra.

    Dierley Gavioes R.S.J.

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  2. Arthur, sou sua fã!!! Vc é de Bauru??

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